Joint Venture | Saiba tudo sobre essa parceria empresarial, que visa o lucro!

Joint Venture - Aperto de mão de empresários

A joint venture é uma estratégia que vem sendo utilizada por empresas de todos os portes e seguimento, a fim de alavancar os negócios e garantir maior competitividade no mercado. 

Veremos abaixo o que é uma joint venture, suas vantagens e desvantagens e outras informações que serão úteis àqueles empreendedores que buscam a expansão da sua empresa.

O que é Joint Venture?

A joint venture, como citamos, é, acima de tudo, uma estratégia empresarial que pode ser feita com diversos objetivos e por diversos sujeitos – tanto pessoas físicas como jurídicas. 

Muito embora seja um instituto utilizado há mais de um século, tendo sua origem provável nos Estados Unidos, ele tem se tornado mais comum atualmente em face uma economia mais agressiva e globalizante, que facilita este tipo de negociação. Seu conceito, em uma tradução livre do inglês significa união de risco e isso nos diz muito sobre suas características.

Quando duas ou mais empresas ou pessoas físicas decidem se unir tendo em vista um objetivo específico comum, elas podem formar uma joint venture. 

Assim, por exemplo, uma empresa com muitos recursos e que precise de estrutura logística em um outro país, pode se unir com uma empresa desse setor, injetando recursos, enquanto recebe benefícios como a ampliação da sua área de atuação. 

Outro exemplo seria o de uma empresa que detém a produção de um determinado produto em grande escala e firma parceria com uma startup de tecnologia para melhorar seus processos, diminuindo custos, e propiciar crescimento da empresa parceira através da injeção de recursos. Note-se que não há necessidade de as empresas atuarem em um mesmo ramo ou serem do mesmo porte, mas sim que possuam interesses que se entrelaçam, gerando benefícios a ambas.

Assim, o foco de uma joint venture geralmente consiste em uma estratégia de expansão dos negócios, que pode se dar através da ampliação do mercado, rompendo barreiras comerciais regionais ou nacionais, através de aquisição de novas tecnologias ou através de aportes de investimentos. 

Até aqui a joint venture parece ser apenas um acordo de benefícios mútuos, mas é necessário lembrar que, conforme o próprio nome sugere, é um acordo também de união para o risco. Ou seja, quando as empresas se associam em uma joint venture, elas não apenas perceberão lucros em comum, como também assumirão solidariamente os riscos ou, de acordo com alguma previsão contratual, assumirão os riscos de maneira proporcional ao seu investimento.

Veremos abaixo que as joint ventures podem assumir dois formatos, societário e contratual e, de modo geral, são acordos transitórios: assim que o objetivo previsto é atingido, encerra-se a parceria.

Importante destacar que a joint venture em nenhum momento será como uma fusão. Ao unirem-se, as empresas não perdem suas identidades. Estarão unidas apenas por um contrato ou, a depender do caso, por uma terceira empresa criada para realizar a meta proposta.  

Como se vê, é uma opção que pode ser utilizada com sucesso por empresas como startups a grandes corporações, servindo às primeiras como uma excelente estratégia para atingir mercados estrangeiros. Se gostaria de entender um pouco mais sobre o processo de internacionalização de uma startup, temos um conteúdo completo neste link.

Qual o objetivo principal da Joint Venture?

O objetivo de uma joint venture dependerá dos objetivos dos seus players, pois é uma estratégia que pode ser planejada com diversos fins.

Um dos objetivos mais comuns observados no mercado é a expansão do mercado, com a ampliação da área de atuação, o que pode ser conquistado com a parceria para novos produtos ou canais de distribuição, por exemplo.

Outro objetivo bastante comum é o compartilhamento de novas tecnologias ou expertise. É o que se percebe muitas vezes com startups de tecnologia.

Além destes objetivos, também é possível captar investimentos através da joint venture. Utilizando o exemplo anterior, uma startup de tecnologia pode fornecer processos inovadores para uma corporação e, em troca, receber aporte financeiro para atuação em determinada área. 

De modo geral, para que estes objetivos sejam atingidos, é necessário que haja um prévio planejamento detalhado. Um contrato de joint venture, por conter riscos inerentes à sua natureza, precisa ser estudado em todos os seus prós e contras. Assim, inicialmente deve ser feita uma análise detalhada de sua empresa, verificando-se quais os pontos fortes e fracos dentro dos produtos e processos internos. Verificar de que maneira a concorrência atua e estudar de maneira aprofundada o mercado que se pretende atingir, seja o aspecto legal, seja o aspecto de clientela. Em seguida, deve-se fazer uma avaliação da empresa parceira e verificar se, de fato, ela auxiliará a sanar as fraquezas ou se somente as potencializará. Conhecer seus valores e objetivos também é fundamental, a fim de evitar conflitos futuros e entender como é o seu relacionamento tanto com parceiros e fornecedores como com seus clientes  e sua reputação no mercado de maneira geral. 

Por fim, defina a parceria em contrato com os objetivos e formas de participação de cada um bastante especificados, de modo que não surjam divergências por diferentes expectativas de cada um ou por confusão acerca da responsabilidade de cada parceiro.

Quais os tipos de Joint Venture?

A joint venture pode ser classificada de diversas maneiras, seja pela sua duração – (temporária ou permanente), pelo seu grau de risco (equity-joint ventures e non-equity-joint venture) ou mesmo quanto à sua nacionalidade (nacional ou internacional).

Aqui focaremos nos tipos determinados pela forma jurídica adotada. Assim, existem dois tipos de joint venture: aquelas que formarão uma nova empresa – chamadas de joint venture societárias – e as que se associarão para um projeto definido em contrato, sem formação de nova pessoa jurídica – a joint venture contratual. 

Este último formato é o mais utilizado quando os objetivos são mais simples ou podem ser atingidos mais rapidamente. Costumam ser temporárias em sua atuação e quando o objetivo ou meta prevista em contrato é atingido, ele se encerra. No contrato estará previsto de que maneira cada empresa se beneficiará e como cada uma arcará com o ônus advindo da operação – seja ele previsto ou não. 

Já no modelo societário, para consecução do objetivo, as empresas formam uma terceira personalidade jurídica, que terá por função aqueles propósitos acordados entre as partes. Neste formato, cada parceiro deterá uma parte da empresa. Geralmente será de 50% para cada um, mas pode vir a ser estabelecido de outra forma a depender do que será definido entre as empresas. Assim poderá ser uma participação proporcional ao quanto foi investido, seja em dinheiro, seja em tecnologia ou serviços. Este modelo é utilizado quando o objetivo a ser atingido é a médio ou longo prazo, e a expectativa de retorno financeiro do empreendimento também possui um prazo maior. 

Quais são as vantagens da joint venture?

Ao longo do artigo, percebemos que a joint venture pode trazer diversos benefícios para as empresas. Veremos agora estas vantagens de maneira mais detalhada.

  • Compartilhamento de possíveis perdas 

Com a joint venture, é possível assumir empreendimentos de maior risco dividindo com a outra parte os eventuais prejuízos ou perdas dele decorrentes. 

  • Expansão do mercado

Um dos objetivos mais recorrentes, é quando a empresa se une a uma segunda com o fim de ampliar sua área de atuação. Geralmente ocorre entre empresas de países diferentes. A China, por exemplo, orienta para  que seja formada uma joint venture ou outro tipo de associação quando empresas estrangeiras decidem operar no seu mercado. 

  • Inovação tecnológica

Com o advento de startups de tecnologia sendo cada vez mais frequentes, é muito comum que estas se associem a outras empresas a fim de oferecer tecnologia que desenvolvem para que, em troca, recebam aportes de investimento ou facilidade para o escalonamento de seu negócio.

  • Redução de custos

A partir da união de empresas, é possível acessar matérias primas ou formatos logísticos que seriam menos atrativos do que quando acessados isoladamente.

  • Melhor competitividade

Consequência da redução de custos e  incremento tecnológico, é um caminho natural quando do sucesso da joint venture.

Quais as desvantagens da joint venture?

Nem tudo são flores em uma joint venture. Embora existam muitos benefícios, ela possui aspectos que devem ser considerados a fim de serem compensados. Vejamos:

  • Desequilíbrio entre os parceiros

Quando o porte das empresas parceiras tem uma diferença considerável pode haver um desequilíbrio tanto na percepção dos lucros quanto no compartilhamento de recursos ou na divisão dos riscos. É preciso que seja analisado se o desequilíbrio poderá ser contornado e ajustar eventuais diferenças em contrato.

  • Choque de cultura gerencial

Se as duas empresas possuem formatos de gestão e valores muito discrepantes, a parceria pode ser prejudicada, afetando decisões em comum.

  • Redução da autonomia

As decisões quanto ao objetivo traçado serão tomadas em comum, portanto é inevitável a redução da autonomia e independência das decisões.

Quantos sócios uma joint venture pode ter?

Não há regulamentação quanto ao número de participantes em uma joint venture. Em geral, são feitas entre duas empresas, mas nada impede que mais empresas se unam nesse acordo.

O que pode ser um empecilho para que mais empresas se unam em uma joint venture é o desafio de evitar os riscos e desvantagens que enumeramos nos outros tópicos. 

Direcionar os interesses, garantir o equilíbrio, avaliar as parcerias e seus possíveis impactos é fundamental. Quando mais empresas estão reunidas, há uma redução ainda mais considerável na autonomia e rapidez de decisões, maior probabilidade de que os valores não sejam alinhados e que desequilíbrios passem a acontecer.

Qual é diferença entre uma joint venture e uma holding?

As organizações são muito distintas. Enquanto a joint venture é um acordo entre duas empresas que podem ou não criar uma terceira para atingir uma meta, a holding é uma empresa criada para administrar outras. 

Quando uma holding é criada, ela não possui objetivos de produção ou comércio, mas apenas administrativos. Assim, ela adquire quotas ou ações majoritárias de outras empresas a fim de assumir o controle daquelas que passam a ser suas subsidiárias.

Por outro lado, na joint venture as empresas não interferem na administração uma da outra, apenas quando a terceira empresa é criada e, ainda assim, na extensão dos objetivos ali definidos. 

O que talvez possa gerar alguma confusão com relação aos dois termos é o fato de que são podem ser utilizados como forma de captação de investimentos. Quando a holding assume o controle de uma empresa, injeta recursos através da compra de ações ou quotas. O mesmo pode ocorrer com a joint venture, quando a parceria pode ser estabelecida com um dos lados oferecendo recursos e o outro lado oferecendo tecnologia, serviços ou outro benefício.

Exemplos de joint venture que deram certo!

Existem muitos exemplos de sucesso da joint venture no mercado. 

  • Volkswagen e Ford

Esta associação demonstra que a joint venture não é um instituto recente. Em 1987 a Ford e a Volkswagen uniram-se para formar a Autolatina, uma terceira empresa com prazo determinado para acabar e com atuação no Brasil e Argentina. Nesse caso, a participação da Volkswagen era majoritária, com 51%. O intuito era reduzir custos operacionais e melhorar o resultado. Na prática, a Autolatina passou a dominar cerca de 50% do mercado automobilístico no Brasil e dessa união surgiram veículos com características híbridas, a exemplo de utilização de motores da Volkswagen em carros da Ford.

  • Telecom e Telefônica

Em 2003 a Telecom, empresa de telefonia portuguesa, e a Telefônica, empresa espanhola, se uniram para formar a Vivo, com participação igualitária de ambas. Neste caso, a união permitiu valorização da empresa no mercado, com a presença maciça da nova operadora. Essa joint venture se encerrou quando a Telefônica comprou a parte da Telecom, assumindo o controle majoritário da empresa.

  • Kraft Heinz e NotCo

Fundaram a The Kraft Heinz Not Company, essa joint venture surgiu este ano, para que a Kraft Heinz se posicionasse no ramo de alimentos plant-based, enquanto a NotCo passa a ampliar o seu mercado para os Estados Unidos de maneira consistente.

Riscos de uma joint venture: como evitar!

Abordamos acima algumas desvantagens de uma joint venture. Tais desvantagens e outros fatores podem representar verdadeiro risco às operações realizadas. Veremos abaixo os principais riscos ao sucesso de uma joint venture bem como as maneiras para evitá-los ou minimizá-los. 

  • Não conhecer a empresa parceira

Este é um risco que pode expor sua empresa de diversas maneiras. Não conhecendo a fundo como são os processos gerenciais, a cultura corporativa e a reputação da outra parte, é possível realizar associações em que o projeto fatalmente afundará. Por isso é importante, antes de fechar o contrato, realizar diálogos frequentes, imersões corporativas, estudos de mercado e, acima de tudo, demarcar de maneira clara e inequívoca as metas e responsabilidades de cada um ao longo da parceria. A recomendação é que seja realizada due diligence em ambas as empresas tanto no início do processo, para verificar a viabilidade, quanto durante o processo, para atestar a sua aplicabilidade e execução. 

  • Falta de transparência interna

Além de preocupar-se com a empresa parceira, lembre-se da sua equipe. Os seus colaboradores precisam estar cientes e informados das mudanças que ocorrerão. Isso evitará que mal-entendidos sejam criados e um clima de tensão assente sobre o pessoal. É comum, com joint ventures societárias, que os funcionários sintam insegurança com relação às transformações, imaginando que seus empregos estarão em risco, com a aproximação de outra equipe muitas vezes exercendo funções similares ou equivalentes. 

Para que sua empresa não se prejudique caso a joint venture não dê resultados, é importante deixar claro no contrato de parceria o que será feito para encerrar o acordo sem ônus. Estabelecer cláusulas para a resolução das divergências é importante, também. O comum é que sejam feitas cláusulas determinando a resolução de conflitos por meio da mediação ou arbitragem, estratégia mais eficiente, célere e menos onerosa do que a judicialização. 

Por isso, recomenda-se fortemente a assessoria jurídica especializada para a confecção de contratos de joint venture, assim ficam assegurados os aspectos legais e os interesses de ambas as partes. 

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