As startups hoje movimentam e dão dinamismo à economia. A cada dia novas startups surgem, com produtos e serviços que inovam no mercado e atraem investidores.
Para que uma startup tenha sucesso em seu nicho é preciso muito preparo dos empreendedores, de forma a conhecer o mercado e o melhor modelo para seu negócio. Sobre isso, já apontamos alguns caminhos, como a melhor escolha do tipo societário, os cuidados ao tratar da questão tributária de sua startup e as melhores formas de captação de investimentos.
Agora nos centraremos naquele que talvez seja o maior objetivo de quem começa a empreender: a internacionalização da startup. Veremos como funciona, como deve ser planejado e como outras startups têm se destacado nesse caminho.
O que é internacionalização de startups?
A internacionalização de uma startup consiste no processo de expansão do mercado, seja através da comercialização de seus produtos ou serviços, seja através de captação de investimentos no exterior.
O processo de internacionalização é muito almejado pelos empreendedores, em grande parte devido ao fato de que a startup tem como característica principal o modelo de negócios repetível e escalável, portanto a internacionalização permite um maior fluxo de seu capital e crescimento mais acelerado, além de posicionamento da empresa em destaque frente aos concorrentes.
Destaca-se que muitas das vezes não será sequer necessária a constituição de uma sede em outro país, posto que a depender do serviço ou produto, é possível que seja desenvolvido e administrado localmente.
Quais as vantagens de internacionalizar minha startup?
Muitas podem ser as vantagens de internacionalização de uma startup. Vejamos algumas que se destacam para aqueles que estão pensando em empreender:
Investimentos
Com a internacionalização, seu produto ou serviço ganhará visibilidade em outros mercados. Isso facilita a captação de investidores que passam a acreditar na ideia, percebem sua viabilidade e oferecem aporte financeiro para desenvolvimento ou ampliação da startup.
Outra opção que passa a ser mais real com a internacionalização é a modalidade de parcerias joint venture. Através desse modelo, forma-se uma parceria que pode ser de diversas espécies, seja através de financiamento, seja através de estrutura e logística ou mesmo inovação tecnológica. As possibilidades são várias e, ainda que temporárias, podem significar verdadeira alavanca para expansão.
Otimização de produtos e serviços
Será um processo natural, dada a concorrência do mercado e da adaptação da sua exportação, que os produtos, serviços e mesmo processos operacionais se tornam mais qualificados e, portanto, mais competitivos. Isso, além de se tornar um diferencial nos países estrangeiros, representará também um diferencial frente aos concorrentes locais.
Novos mercados
Muito além de representar uma possibilidade de aumento de faturamento ou investimentos, uma das vantagens da internacionalização é que, com a abertura de novos mercados há um fortalecimento do negócio, principalmente no que se refere a crises econômicas locais.
Quando o negócio se expande, ele também passa a não depender apenas das variáveis locais, sejam elas econômicas ou mesmo sazonais. A título de exemplo, poderíamos citar uma startup que opera no ramo do turismo e que contaria com meses específicos no Brasil para maior faturamento. Com a expansão, passaria a contar com diferentes ciclos de maior faturamento, propiciando maior equilíbrio financeiro. Também é possível citar que, com a internacionalização, é possível operar com outras moedas, como o dólar, o que também auxilia no gerenciamento de riscos do empreendimento.
Por fim, a operação em outros mercados pode ser uma, ou talvez a única, forma de viabilizar a startup. Como ainda tratam-se de operações inovadoras, muitas vezes os empreendedores esbarram em uma mentalidade ainda muito conservadora dos investidores brasileiros. Identificada como uma das dificuldades para desenvolvimento dessa modalidade de negócio, pode ser superada através da internacionalização.
Redução de custos
Com a ampliação internacional, é possível viabilizar outros processos operacionais. Assim como percebe-se empresas estrangeiras instalando-se no Brasil como forma de diminuir custos com mão de obra, por exemplo, é possível investir em países que ofereçam algum retorno significativo para a startup. Isso pode se dar através de melhores opções logísticas ou de tecnologia, por exemplo.
Assim, não apenas a exportação do produto ou serviço pode ser vantajosa na internacionalização, como também a sua cadeia produtiva. É claro que, para que isso ocorra, é necessário que haja um estudo prévio do país onde será inserida a startup, networking para busca de possíveis parceiros comerciais e conhecimento da cultura local.
Abaixo abordaremos as etapas e formas de planejamento da internacionalização e que podem auxiliar neste processo.
Como fazer um bom planejamento de internacionalização de startups?
Romper as barreiras da internacionalização demanda planejamento, definitivamente. Apesar disso, muitos ainda se questionam sobre como deverá ser feito este planejamento, quais as etapas, o que é necessário para atingir novos mercados.
Apresentaremos alguns dos passos que devem ser tomados.
Autoconhecimento
Conhecer a sua empresa a fundo, encarando com transparência suas potencialidades e fraquezas é o primeiro passo. Não é possível avançar sem saber onde se está pisando e por isso traçar o perfil da empresa é fundamental.
Reveja seus processos, identifique falhas, lacunas, repense soluções. Em alguns momentos, será necessário postergar o processo de internacionalização a fim de corrigir inconsistências, realizar as adaptações necessárias e começar com mais segurança.
Pesquisa de mercado
Um produto com excelente recepção no Brasil pode não ter o mesmo feedback na Holanda, por exemplo. É necessário que sejam avaliados os aspectos culturais do país, pesquisando qual seria a recepção do que você oferece: Seu produto/serviço atenderá uma demanda existente?
Outro aspecto da pesquisa de mercado é a análise da concorrência que já existe na região. Qual o seu diferencial em relação aos concorrentes? Conseguirá estabelecer preços competitivos?
Logística e aspectos burocráticos
É crucial conhecer a legislação do país e compreender de maneira aprofundada a legislação brasileira para a atuação no exterior. Nesse aspecto o ideal é contar com assessoria especializada e experiente, que poderá orientar de maneira mais eficiente como gerir e administrar o negócio em outros ecossistemas.
Analisar como será realizada a logística. No caso de produtos, considerar custos de transporte, produção e estoque. Além disso, determinar se será necessária uma equipe in loco para realizar as atividades.
No caso de serviços, a mesma questão se coloca. Será necessária uma equipe no local ou é possível administrar remotamente? Todos estes fatores exigem conhecimento da lei local, além de gerenciamento de custos.
Planejamento das atividades
A partir do momento que se consolida a ideia de atuação internacional, é necessário estabelecer um plano de ação para o sucesso de seu desenvolvimento. Os pilares nesse caso serão estratégias de marketing, networking, e definição de metas.
Entrar em um novo mercado demanda que a empresa seja conhecida e para isso é necessário investimento e estratégias de marketing, bem como a procura por parcerias e networking.
Quando começar a planejar?
O ideal é que o planejamento ocorra assim que a startup seja fundada. Assumir o negócio já tendo como meta a possibilidade de internacionalização permite que os processos operacionais já estejam de acordo com a perspectiva de internacionalização, que sejam antevistos serviços e produtos que se adequem ao mercado estrangeiro e que sejam buscados investidores que tenham a expansão como objetivo.
Tudo que é preciso para internacionalização da sua startup
Falamos sobre o que é necessário para o planejamento de internacionalização de sua startup. Além disso, o que mais será necessário?
Muitos afirmam que é necessário que a startup já esteja consolidada no Brasil. Esse é um aspecto controverso, pois a depender do caso, é possível que antes mesmo da consolidação por aqui, surjam oportunidades internacionais e a consolidação ocorra em terras estrangeiras. É claro que isso demandará eficiência e assertividade na operação, acelerando a curva de aprendizado, mas não é um caminho impossível.
Um aspecto que se torna basilar, entretanto, é a disponibilidade financeira. De modo geral, é necessário investimento para que seja possível o investimento no exterior. Seja através do investimento em assessoramento, seja com o desenvolvimento de produtos ou ações de marketing, é necessário reunir recursos suficientes e que variam de acordo com a área de atuação, mercado de destino e capacidade técnica da equipe. Daí a importância de captação de investimentos e planejamento, para conseguir gerir os recursos de maneira eficiente.
Programas que podem ajudar a internacionalização de startup
Os programas de internacionalização representam um excelente meio facilitador para que startups se insiram em outros ecossistemas, oferecendo suporte técnico e assessoria, bem como mentorias e laboratórios de incubação e networking.
Startout
Hoje o Governo Federal, através do Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Indústria e Comércio Exterior e Serviços, conta com um programa de internacionalização realizado em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil, Sebrae e Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores ( Anprotec).
Este programa é o StartOut Brasil, oferecido de maneira recorrente, selecionado um determinado número de startups para cada etapa do processo. Criado em 2017, já atendeu mais de 200 startups brasileiras em nove países. A ideia é auxiliar no desenvolvimento das startups através de capacitação, mentoria e imersão em novos mercados, assessorando os empreendedores em todas as etapas do processo de internacionalização.
Os requisitos para participação do programa é que as startups já sejam estabelecidas, que tenham faturamento acumulado acima de 500 mil ou que tenham recebido algum investimento, equipe 100% dedicada ao negócio e fluência em inglês. Também será necessário que a expansão não comprometa as atividades no Brasil. A avaliação observará, além dos pré-requisitos, outros fatores intrínsecos do negócio, tais como inovação e maturidade da equipe.
As etapas desse programa consistem em Missão Virtual, onde 40 empresas são selecionadas, Missão de Imersão, onde 15 empresas serão selecionadas com base na etapa anterior, Missão Follow up, com a seleção de 5 startups e a Pós-missão.
É possível conferir maiores informações sobre o programa no portal da Apex-Brasil, aqui.
SP – Global
No Estado de São Paulo é realizado o programa SP Global – Programa Paulista de Internacionalização de Startups. Neste programa também é realizada uma seleção de startups, de acordo com o perfil de cada ciclo. Seu objetivo é o de auxiliar no desenvolvimento de estratégias de internacionalização através da capacitação, imersão em novos mercados e networking. Além disso, é realizada uma etapa de Scaling-Out, onde há um acompanhamento das startups na aplicação de seu plano de internacionalização.
Os requisitos para participação no programa são que a sede da startup esteja no estado de São Paulo, que seu fundador ou C-Level tenha nível intermediário de inglês e que, ao menos neste ciclo, a área de atuação seja Agtech, Foodtech, Fintech ou Retailtech. Neste momento o público-alvo da edição é o mercado europeu.
Para maiores informações sobre o programa, acesse o site.
Exemplos de sucesso de internacionalização de startup
Muitas vezes os empreendedores acreditam que a internacionalização é uma etapa distante e inalcançável para o seu negócio. Por isso trouxemos abaixo alguns exemplos de sucesso, dos mais variados setores.
Aliando as informações necessárias, como as que elencamos acima com o estudo dos cases de sucesso, o próximo passo para você chegar nessa etapa será começar a colocar as ideias em prática, em conjunto com uma assessoria especializada, a fim de minimizar riscos e seguir um planejamento assertivo.
Outra dica é observar o que as startups que estão tendo sucesso no exterior têm em comum e quais erros evitaram. Vamos a algumas delas:
Pipefy
A startup desenvolveu um aplicativo para controle e otimização de processos corporativos. A percepção de que o produto seria facilmente escalável, devido a sua capacidade de personalização e, portanto, flexibilidade em outros mercados, foi um dos seus diferenciais. O caminho para a internacionalização, apesar de ter sido traçado desde o início das operações, em 2013, não se deu de maneira imediata, sendo necessária a participação em diversos projetos e programas de financiamento de startups. Hoje, a Pipefy tem sede em Curitiba/PR e São Francisco, Califórnia e possui clientes em mais de 150 países.
Gympass
Fundada em 2012, a startup atua no ramo de assinatura de academias como benefícios corporativos. A partir da efetivação de parcerias com empresas, que adquirem a assinatura para seus colaboradores, surgiu a possibilidade de internacionalização, já que muitas empresas atuavam em outros países e desejavam estender o benefício para todos. Inicialmente a expansão se deu no México, depois em outros países da América Latina, Europa e Estados Unidos.
No caso da Gympass, pode-se observar que foi necessária a mudança de perspectiva do negócio: de uma simples assinatura de academia no modelo B2C, a inserção no modelo B2B, tornando o modelo escalável.
RD Station
A empresa de softwares para marketing digital fundada em 2011, originalmente chamada de Resultados Digitais, alterou seu nome justamente como estratégia para o processo de internacionalização. Hoje ela conta com operações no México e Colômbia e tem clientes em mais de 20 países.
A estratégia da RD Station consiste em atuação junto ao mercado de pequenas e médias empresas, ampliação do portfólio de produtos para além do produto principal, gerando conteúdo e promovendo eventos de grande porte. Com esta perspectiva pretende continuar o seu processo de expansão.